O termo Gótico vem da palavra “godos”, uma tribo bárbara. Os bárbaros eram agrupamentos humanos que invadiram o Império Romano. Eram povos nômades que vivam da coleta e da guerra. Bárbaro era todo indivíduo que não tinha a língua e a cultura romana. Procuravam facilidade de sobrevivência e comida, através de saques e invasões de terras férteis. Eram exímios guerreiros e chegaram a derrotar as legiões romanas que ousaram ultrapassar o limite dos Rios Reno e Danúbio. Os bárbaros se dividiam em três grupos: germanos (visigodos, ostrogodos, hérulos, francos, suevos, saxões, godos e anglos); eslavos (russos, poloneses e tchecos); e mongóis (turcos, búlgaros e hunos).
No final do século I a.C., os bárbaros ameaçaram a civilização romana. Na França, os gauleses, assim como os bretões, na Inglaterra, haviam adotado as roupas e os costumes romanos. Mas a Gália foi conquistada pelos teutões que habitavam a outra margem do Reno e, por volta do século V, a dinastia dos reis merovíngios dominava a maior parte do país.
Os merovíngios formaram uma dinastia franca que governou sobre um vasto conjunto de territórios que chegou a abranger a moderna França e partes da Alemanha e Suíça, entre os séculos V e VIII da era cristã. Esses, devem seu nome a Meroveu, rei semi-lendário dos Francos Sálios e fundador da dinastia. O seu neto Clóvis foi o responsável pela conversão dos francos, do paganismo ao Cristianismo, e pela unificação territorial dos reinos francos, tendo ainda derrotado os Visigodos.
“Quando os carolíngios sucederam aos merovíngios, a vida luxuosa aumentou.”[1]
No século VIII, Carlos Magno tornou-se o soberano, controlando um território que praticamente correspondia à França e à Alemanha. Partiu dele a última tentativa de resgate da centralização do poder político. Assim, pretendia recriar o império Romano do Ocidente, com ele à frente, como Imperador.
Nos séculos XIII e XIV, num processo de enriquecimento da Europa, há o fortalecimento e o desenvolvimento das atividades mercantis. Surge um novo estrato social, a burguesia. Este burguês, novo rico, quer se parecer ao máximo com a nobreza e investe em aparência, usando tecidos caros e jóias. Nesse momento, na França, Espanha e Itália surge o revide da nobreza com a multiplicação das Leis Suntuárias, alegando o esbanjamento de metais preciosos e gastos indevidos com produtos importados, mas, no fundo, era uma tentativa de colocar cada um no seu lugar novamente. Mas a imitação do vestuário nobre continua, à medida que a classe média vai surgindo, juntamente com a burguesia: advogados, pequenos comerciantes.
Na metade do século XIV, uma grande revolução acontece: eis que definitivamente surge a moda. Homens e mulheres passam a se vestir de maneira diferente, adquirindo cada qual novas formas. Ao contrário de anteriormente, em que as túnicas se assemelhavam, para homens e mulheres; a partir do estabelecimento das formas femininas e masculinas, as roupas passaram a se modificar, em períodos de tempo cada vez mais curtos. Antes, passavam-se séculos e as vestimentas não se alteravam em nada. Agora, os saltos da moda eram dados, para manter o status da nobreza, pois seus trajes eram copiados por burgueses e pequenos burgueses, num efeito cascata.
A moda não era mais originária de uma memória coletiva, mas o reflexo do gosto e da preferência de reis e poderosos. O vestuário se torna uma forma individual de expressão, pois era preciso manter o afastamento social, e a fórmula encontrada era a constante renovação.
O consumo das classes superiores obedece ao princípio do esbanjamento ostentatório, atraindo a estima e a inveja, o que, não deixa de representar uma eterna luta de classes. Considerando-se a nobreza e a burguesia emergente, podemos notar esse nascimento do gosto pelas novidades. Mas, nas classes menos favorecidas, sabemos que existe sempre uma tendência à não aceitação do novo. Extremamente tradicionais, não adotam mudanças facilmente, uma vez que suas condições também impedem a constante renovação. Além de serem atingidos pelas Leis Suntuárias, que, em épocas de crise, restringiam os gastos imoderados e o luxo, estas classes, que também eram compostas de membros pertencentes às guildas (corporações de ofício), mestres e aprendizes, sabiam que se vestir de acordo com a hierarquia era um motivo de orgulho e tradição. Abandonar o traje que os distinguia dos demais, para adotar modismos, estava fora de questão, porque corriam o risco de ser expulsos de suas corporações.
[1] DURAND, José Carlos. Luxo e economia.
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